sexta-feira, 3 de abril de 2015

Domingo de Páscoa era dia de Walter

Walter é um jogador folclórico. Todo time precisa de um jogador folclórico. O jogador folclórico é capaz de tudo e ao mesmo tempo de nada. Na maioria das vezes ele é um perna-de-pau, perde gols incríveis, fica jogos e mais jogos sem marcar, recebe vaias, vira motivo de piada, ganha matérias negativas nos jornais e é constantemente criticado por comentaristas e especialistas. Só que quando menos se espera, ele vai lá e faz um gol, faz dois, faz vários, vira ídolo, ganha manchetes, ganha música, vai nos programas esportivos, pede vaga na seleção e é cogitado em um grande time da Europa. De folclórico ele passa a ser craque. E ai tudo vai por água abaixo. A cabeçada bate na trave, o pênalti vai pra fora, o passe sai errado e a bola fica um, dois, três jogos sem balançar as redes. Então ele volta a ser folclórico. Volta vaia, piada, crítica, xingamento. A Europa vira Oriente Médio, China, Japão ou outro centro futebolístico emergente. Claro que tudo depende de um bom empresário. O que mais tem hoje em dia é jogador folclórico em time pequeno.

Porém ele vai além. É folclórico e craque. Tinha tudo para se transformar em um grande jogador e deixar de ser visto apenas como um personagem folclórico. O problema é o peso. Empurrar com a barriga a carreira não é fácil. Ele conseguiu até agora, mas foi só chegar em um time grande que as coisas complicaram.

No Domingo tem Fla-Flu. Domingo de Páscoa. Dia de comer chocolate. Grandes são as chances de uma das torcidas sair do Maracanã vibrando aos gritos de “Uh, é chocolate”. Eu tinha certeza que seria a torcida do Fluminense. Só que não vai ter Walter.

Todo Fla-Flu tem um herói. Walter era o herói que este domingo de Páscoa merecia. O gordinho sendo o artilheiro no dia mundial de devorar chocolate. Pela primeira vez poderia comer bolachas à vontade, sem culpa. Toda a má fase seria página virada. Walter entraria no segundo tempo, faria um ou dois gols, mais um passe para um eventual terceiro e a goleada estaria completa. Festa e chocolate. Assunto no Fantástico, matéria em todos os jornais de segunda, capa do Meia-Hora A ressurreição da carreira do artilheiro!

O Flamengo tem uma vasta lista de artilheiros folclóricos. Isso faz bem pro futebol. Ele te irrita e depois vai lá e garante uma vitória importante. Uma relação de amor e ódio. Sinto falta de um jogador assim. Renato Gaúcho, Super Ézio e Magno Alves. Walter poderia estar nesta lista. Poderia estar na lista dos grandes ídolos.

No domingo de Páscoa, Walter deveria estar jogando. Vai estar em casa, provavelmente devorando chocolates. 

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