terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Mariana, Madalena

A primeira de muitas histórias em 2014


Antônio largou a praia, o Maracanã e foi tentar a sorte em São Paulo. Acostumado com o metrô em linha reta, sofreu com tantas cores e transferências. Se perdeu bastante até conseguir se achar. Demorou, mas enfim se entendeu com os caminhos. Bem, mais ou menos.

Trabalhava na Vila Mariana e vez ou outra acabava tomando o rumo da Vila Madalena. No mínimo umas três vezes por semana chegava atrasado no trabalho. Já era motivo de piada, de deboche.

Até que um dia seus problemas acabaram. Antônio se apaixonou por Mari, Mariana. A menina mais doce que morava na brigadeiro, ele dizia.

A confusão e os atrasos acabaram, afinal de contas, Antônio passou a ir sempre em direção ao amor, para onde o coração mandava. Não tinha mais como errar.

Passou a ser o primeiro a chegar. Sua dedicação aumentou. De piada, virou exemplo, empregado padrão.

A empresa prosperou, só que infelizmente o amor entre Antônio e Mariana azedou. Ela foi morar fora e ele foi afogar as mágoas nos bares da Vila Madalena.

E num dia desses conheceu Amélia. Gritou para todos ouvirem: “Tá ai uma mulher de verdade!”. Ela fez jogo duro. No segundo encontro, Antônio não estava tão bêbado. O discurso se manteve. Não demorou muito para começarem a namorar.

A empresa mudou-se para a Vila Olímpia. Antônio também trocou de vila. Da Mariana para a Madalena.

Tudo finalmente parecia se encaminhar para um final feliz. Até que, em uma terça-feira, Antônio foi lá e errou o caminho. Mandou mensagem para sua amada: “Vou atrasar um pouco. Peguei o metrô errado e vim parar na Vila Mariana”.

Amélia nem respondeu. Ligou direto. E xingou, gritou, xingou, gritou, xingou e gritou.

“Ainda pensando nela, cafajeste?”

“Volta pra ela”

Outras coisas foram ditas e gritadas. Coisas impublicáveis.

Antônio não estava pensando em Mariana. Foi apenas um ato falho. Ele argumentou e argumentou. Amélia não quis saber.

Nosso herói sofreu para se redimir. Flores, chocolates, ursos, cartas e muitas, muitas palavras de amor.

No fim, a paixão falou mais alto. Amélia cedeu. Amélia voltou!

Antônio redobrou sua atenção.

Vez ou outra ele ainda hesita.


Madalena, Mariana, Mariana, Madalena... e transferências e cores eram o que parecia ser mais complicado.

Por Diogo “Flu” Cavalcanti

3 comentários:

  1. Texto lindo! Me encantei com a escrita, com a poesia e o amor nas linhas de SP.

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    1. Obrigado. Elogio bom, melhor ainda quando é da terra da garoa ;)

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