Antônio largou a praia, o Maracanã e foi
tentar a sorte em São Paulo. Acostumado com o metrô em linha reta, sofreu com
tantas cores e transferências. Se perdeu bastante até conseguir se achar.
Demorou, mas enfim se entendeu com os caminhos. Bem, mais ou menos.
Trabalhava na Vila Mariana e vez ou outra
acabava tomando o rumo da Vila Madalena. No mínimo umas três vezes por semana
chegava atrasado no trabalho. Já era motivo de piada, de deboche.
Até que um dia seus problemas acabaram.
Antônio se apaixonou por Mari, Mariana. A menina mais doce que morava na
brigadeiro, ele dizia.
A confusão e os atrasos acabaram, afinal de
contas, Antônio passou a ir sempre em direção ao amor, para onde o coração mandava.
Não tinha mais como errar.
Passou a ser o primeiro a chegar. Sua
dedicação aumentou. De piada, virou exemplo, empregado padrão.
A empresa prosperou, só que infelizmente o
amor entre Antônio e Mariana azedou. Ela foi morar fora e ele foi afogar as
mágoas nos bares da Vila Madalena.
E num dia desses conheceu Amélia. Gritou para
todos ouvirem: “Tá ai uma mulher de verdade!”. Ela fez jogo duro. No segundo
encontro, Antônio não estava tão bêbado. O discurso se manteve. Não demorou
muito para começarem a namorar.
A empresa mudou-se para a Vila Olímpia.
Antônio também trocou de vila. Da Mariana para a Madalena.
Tudo finalmente parecia se encaminhar para um
final feliz. Até que, em uma terça-feira, Antônio foi lá e errou o caminho.
Mandou mensagem para sua amada: “Vou atrasar um pouco. Peguei o metrô errado e
vim parar na Vila Mariana”.
Amélia nem respondeu. Ligou direto. E xingou,
gritou, xingou, gritou, xingou e gritou.
“Ainda pensando nela, cafajeste?”
“Volta pra ela”
Outras coisas foram ditas e gritadas. Coisas
impublicáveis.
Antônio não estava pensando em Mariana. Foi
apenas um ato falho. Ele argumentou e argumentou. Amélia não quis saber.
Nosso herói sofreu para se redimir. Flores,
chocolates, ursos, cartas e muitas, muitas palavras de amor.
No fim, a paixão falou mais alto. Amélia
cedeu. Amélia voltou!
Antônio redobrou sua atenção.
Vez ou outra ele ainda hesita.
Madalena, Mariana, Mariana, Madalena... e
transferências e cores eram o que parecia ser mais complicado.
Por Diogo “Flu” Cavalcanti
Texto lindo! Me encantei com a escrita, com a poesia e o amor nas linhas de SP.
ResponderExcluirObrigado. Elogio bom, melhor ainda quando é da terra da garoa ;)
ExcluirDivertido e envolvente! Muito bom!
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