segunda-feira, 13 de abril de 2015

No ponto de ônibus


No ponto de ônibus. Era onde a gente se separava. Eu descia e ela ficava. Às vezes eu só acompanhava. Levava lá e a deixava ir. No caminho de casa, no caminho de volta, eu via o ônibus indo, indo, cada vez mais longe, cada vez mais distante.
No ponto de ônibus. Era onde a gente se encontra, reencontrava. Eu ia lá buscá-la e sempre calculava mal a distância. Sempre ela já estava lá. Eu não precisava esperar.
No ponto de ônibus, um dia a gente se separou. Ela foi embora por um tempo, mas depois voltou.
No ponto de ônibus, a gente se reencontrou. O ponto era o nosso chegadas e partidas, partidas e chegadas.
Até que um dia, no mesmo ponto de ônibus, quem diria, a gente acabou. Ela foi de vez.
Eu vi o Ônibus indo embora. Reparei a seta ligada. Achei que ela tinha mudado de ideia, puxado a cordinha e pedido para descer. Coisa de filme. A vida não é um filme. E acho que isso não aconteceria nem nas mais cafonas comédias de amor.
A seta apagou. O ônibus foi indo, indo, cada vez mais longe, cada vez mais distante e sumiu.
Fiquei lá, triste, sozinho.

Quando o ônibus não para no ponto, neste mesmo ponto de ônibus, eu ligo pro 1746 e faço uma reclamação. Será que vale também pra coração partido?

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